No último feriado da independência, o governo brasileiro recebeu como convidado de honra o presidente da França, Nicola Sarkozy. A visita do mandatário francês celebrou o ano da França no Brasil. Após o desfile cívico-militar, o presidente Lula e Sarkozy foram ao Itamaraty anunciar a assinatura de importantes acordos com a França, em especial nas áreas de tecnologia e defesa. Entre as declarações do Presidente Lula, a que mais gerou controvérsias foi à afirmação de que o Brasil irá comprar 36 caças do tipo Rafale. Tal afirmativa gerou um grande desconforto entre todos os envolvidos com o programa FX-2 da Força Aérea Brasileira para o reaparelhamento da força de caças. Uma verdadeira “batalha aérea” pela vaga de superioridade aérea nos céus brasileiros.
O programa FX-2 é uma licitação para a compra de jatos de combate novos e de última geração. Entre os pontos exigidos para participar da competição, os fabricantes devem garantir a transferência de tecnologia para o país. O que promoveria o desenvolvimento tecnológico da indústria aeronáutica além de prover a FAB de aparato atualizado para as realidades do século 21. Participam da licitação, Boeing, Saab e Dassalt.
O anuncio do Rafale como o vencedor do programa foi um susto para a opinião pública e para os demais concorrentes do FX-2 visto que o anúncio oficial do vencedor está marcado para o dia 31 deste mês. Na FAB, as declarações foram recebidas com indignação. O Ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saitou, muito ofendido pela atitude do presidente, ameaçou deixar o cargo. Ato este que foi impedido pelo Ministro da Defesa. Nelson Jobim anunciou que o cronograma do FX-2 será completado com a participação de todos os fabricantes envolvidos mas confirmou que há sim, um interesse de fechar acordo com a França e que esse interesse pela compra do Rafale é de fato político.
O Rafale é um grande avião de combate e faz parte da chamada 5ª geração de caças surgida após o fim da guerra fria. Porém, a França que na chamada “Era Mirage” foi uma das maiores fornecedoras de aviões do mundo, hoje amarga a dificuldade de fechar acordo com potenciais compradores do Rafale. Países como Líbia, Emirados Árabes, Marrocos e Suíça manifestaram apenas interesse em adquirir o avião, mas a compra nunca se concluía. Uma situação que a imprensa francesa chamou de “A Maldição do Rafale”. A possibilidade real do governo brasileiro de fechar a compra com a frança é em termos econômicos uma das últimas esperanças da Dassalt. No caso da FAB, é um negócio salva-vidas. Segundo o ministério da defesa, o Brasil irá investir quatro bilhões de reais na aquisição do avião vencedor.
Quem vencerá a disputa? Muito provavelmente será mesmo a Dassalt. Visto que o Brasil tem uma antiga história de relacionamento com o fabricante frances que nas décadas de 70 e 80 aparelhou a FAB com os então modernos Mirage-III. Resta aos entusiastas da aviação e o povo olhar para o céu no dia 31 de Setembro e descobrir que “Harpia” irá reinar na defesa do espaço aéreo brasileiro.