Bem dizem que a identidade cultural de um povo ou determinado seguimento, quando explorado pela mídia e pelo comércio e poderosa fonte de renda para seus promotores. Porém, isso se torna um problema quando uma pseudocultura como o tecnobrega e o tecnomelody assume a alcunha de popular quando nem popularesco é um termo aplicável. Na verdade, como repórter posso dizer que os paraenses conseguiram uma façanha! Não esperava que alguém conseguiria criar um ritmo musical com letras tão porcas quanto as do funk carioca. Quem ouve um tecnobrega e examina bem a letra da canção se for uma pessoa com um mínimo de instrução não simpatiza. Isso sem falar da batida extremamente irritante característica desse ritmo.
Para piorar, esse ritmo tem gerado em Belém do Pará um comportamento digno dos mais respeitados ignorantes da sociedade. Basta andar de ônibus em nossa cidade. Com certeza você terá o azar e o desprazer de ser forçado a ouvir tecnobrega ao longo da viagem inteira, pois a bordo do coletivo lotado e quente haverá um amante do ritmo com o som do celular no máximo forçando todos a ouvir seu lixo musical da maior qualidade.
Para quem não sabe, o tecnobrega é um gênero musical popular surgido no estado do Pará, no início dos anos 2000. Trata-se de uma fusão da tradicional música brega com a música eletrônica, tendo, portanto, a tecnologia como um elemento fundamental. Deriva de ritmos como Carimbó, Siriá, Lundu e outros gêneros populares como o calypso e guitarradas, incorporando sintetizadores e batidas eletrônicas. O estilo também se destaca por ter se desenvolvido independentemente das grandes gravadoras, criando um mercado com formas alternativas de produção e distribuição. Porém, o ritmo possui letras de conteúdo muitas vezes imundo e que em alguns casos parece até mesmo incentivar a prostituição da juventude. Em alguns casos, musicas de cantores famosos com Beyonce e Linkin Park tiveram suas versões em tecnobrega. Não precisamos dizer que os Dj’s desse seguimento destruíram tais musicas.
Infelizmente, através do movimento Tecnobrega no Pará, vemos a morte de nossa verdadeira identidade cultural. Vislumbro a lamentável e gradativa extinção do Carimbo, do Siriá e de tantos outros ritmos que são de fato, a identidade artística de meu povo. Porém, isso é reflexo de nossa sucateada educação e a falta de incentivos e politicas públicas para a promoção da cultura em nosso estado. Parece que para nossa amargura, vencerão os bregueiros. Pessoas ignorantes e muitas vezes brutalizadas e estupidas para com seus semelhantes. Como paraense, não tenho vergonha de ser paraense. Mas com toda sinceridade de meu coração tenho que confessar que tenho vergonha dos paraenses.
Por sorte, em uma demonstração de coerência e respeito a verdadeira cultura paraense, o Governado do Estado do Pará Simão Jatene vetou integralmente o Projeto de Lei nº 130/08, que declara como patrimônio cultural e artístico do Estado do Pará o ritmo do tecnobrega, as aparelhagens de som e seus símbolos.
Gostaria de deixar claro aqui, que não questionamos que o tecnobrega é uma demonstração cultural legítima. Apenas manifestamos nossa opinião de que há cultura e há lixo. Ouve um tempo que de fato o brega paraense era algo magnifico. Porém, em nome do dinheiro e do modismo. Criou-se um ritmo popularesco e cujas letras chegam a ser marginais e promovem a marginalidade.